Significado do véu da mulher no culto
Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos.
1 Coríntios 11:10
O véu
Breve Introdução
Textos do Velho Testamento: Gén.20:16; 24:65; 38:14; Ex.26:31,33,35; 34:33-35; 40:3; Núm.4:5; Ct.4:1.3; Textos do Novo Testamento: Mt.27:51; Mc.15:38; Lc.23:45; IªCor.11:5,6,10,13; IIªCor.3:13-16. |
A melhor explicação encontra-se na carta de Iª Cor.11:2-16, Contudo, o assunto do véu é referido em várias passagens do Novo e Velho Testamentos para a nossa compreensão.
Infelizmente alguns, com opiniões já formadas, elevam-se acima da verdade, e recorrem inúmeras vezes a interpretações que não se encontram na Bíblia? Nessas, contam-se as culturas, as tradições rituais, os princípios das diferentes épocas ou estações, etc,
Deus não deixou a interpretação da Sua Palavra ao critério dos teólogos, por isso somente Aquele que A inspirou é capaz de dar a interpretação e a explicação correta: O Espírito Santo.
Exemplos do Antigo Testamento
Nas Escrituras o véu tem ligação a um contexto: Respeito, reverência, para esconder alguma vergonha, mas sobretudo para identificar uma glória ou com alguma autoridade. É particularmente sobre estes dois prismas: De Autoridade e Glória que todo o assunto é desenvolvido e explicado na 1ª Carta aos Coríntios. Em Gén.24:65 o véu foi usado por Rebeca como sinal de reverência, submissão e para esconder a glória e a beleza feminina (IPed.3:5-6). Nesta perspetiva, é usado o véu, também, em Ct.4:1,3:6:7. Em Êxodo 26:31,33,35; 40:3; Números 4:5 o véu do tabernáculo era usado para esconder a glória de Deus, da qual estávamos destituídos desde Adão (Rom.3:23), e para a qual não tínhamos acesso, porque Cristo ainda não tinha vindo. Esse véu era um símbolo de Cristo (Hebreus 10:20) que foi rasgado na cruz do calvário (Mateus 27:51) e agora através d’Ele temos acesso ao “Pai da Glória” e nos “regozijamos na esperança da Sua glória” (Rom.5:2-3) e (Hb.6:19). Em Êxodo 34:33-35. Moisés desce do monte com a lei e o seu rosto reflete “parte da glória de Deus”. Então ele colocou um véu, para esconder a glória de Deus, para que o povo não fosse ferido com o resplendor dessa glória que quase cegava. A glória de Deus é agora refletida por cada crente que sem este véu espiritual, a Lei, reflete pelo Espírito a imagem do Senhor, e na qual nos vamos aperfeiçoando. |
Caracterização e Explicação do véu na mulher
Em Iª Cor.11:3-16 o assunto é explicado a partir do verso 3:
—-CRISTO é a cabeça de todo o varão,
——O HOMEM é a cabeça da mulher,
——–E DEUS é a cabeça de Cristo.
A cabeça não é superior aos pés, nem é mais que o corpo; tem cada um tem função distinta.
Deus não é a cabeça de Cristo por ser superior a Ele; pois Ele é Deus juntamente com o Pai e o Espírito Santo. Mas cada um tem a sua função na ação divina.
No caso de homem, este é cabeça da mulher, não por ser superior a ela, “pois o homem é nada sem a mulher e a mulher é nada sem o varão” (Iª Cor.11:11-12). Ambos fazem parte de uma unidade eclesiástica, mas por uma questão e ordem e disciplina isso deve ser respeitado e obedecido.
Se o véu é usado para cobrir alguma glória ou alguma autoridade, a cabeça é essa glória, é essa autoridade.
Num culto cristão temos reunidas três cabeças:
Deus, Cristo e o homem representativamente, e a mulher com “a sua própria cabeça”.
Se temos aí cabeças, temos então autoridades;
—Deus, autoridade de Cristo,
—Cristo, autoridade do homem
—O homem, autoridade em relação à mulher.
Se o homem quer revelar a autoridade de Cristo, não deve esconder essa autoridade, não deve cobrir a sua cabeça, porque a sua cabeça tipifica Cristo. (v.5),
No caso da mulher é diferente: se ela não cobrir a sua cabeça, (que tipifica o homem), então fica a descoberto a autoridade do homem, e por conseguinte, duas autoridades estão em evidência:
A autoridade de Cristo, na cabeça descoberta do homem.
E a do homem na cabeça descoberta da mulher.
Estas autoridades na Igreja opõem-se e chocam-se.
A mulher no culto deve estar também sujeita ao homem (Iª Cor.14:34-35; Iª Tim.2:11-15). As mulheres devem estar caladas nas igrejas; não lhes é permitido falar; devem aprender em silêncio, com toda a sujeição. Não podem doutrinar nem tem autoridade sobre o homem, mas deve permanecer em silêncio
E o homem no culto está sujeito ao Senhor.
Para que este ensino seja perfeitamente cumprido, as mulheres devem ter sobre as suas cabeças sinal de poderio por causa dos anjos” (v.10);
Além disso os anjos estão no culto aprendendo através da igreja as “multiformes e riquezas da sabedoria de Deus” (Ef.3:10), e a mulher deve-lhes revelar a lição da sujeição, que reflete um sentimento de vergonha e arrependimento do seu pecado quando no Éden não se submeteu a Adão, ao participar do fruto proibido (Gén.3).
Paulo expões três razões para explicar este assunto, as quais são três leis:
1. O homem foi criado primeiro e depois a mulher. É a lei natural (Iª Cor.11:8-9);
2. Adão enganado, mas a mulher sendo enganada, enganou Adão e caiu em transgressão (Iª Tm.2:14; Gén.3:16);
3. Elas estejam sujeitas, como assim ordena a Lei, – Lei Espiritual. (Iª Cor.14:34-35);
Com isto Paulo diz que a mulher precisa de um outro véu, além do espiritual (Véu sobre a cabeça).
Esse outro véu é o véu natural – o cabelo, “porque o cabelo lhe foi dado em lugar do véu”, ou não nos ensina a natureza o mesmo?
Assim a Bíblia ensina que a mulher deve usar dois véus: um espiritual e um natural; um que revele a sujeição espiritual da autoridade do varão à autoridade de Cristo, e outro, o natural, (cabelo crescido), que revela a sua glória natural (nas fica coberta com o véu espiritual)
Iª Coríntios 11:2-16 descreve o comportamento que o povo de Deus deve ter na Assembleia da Igreja (culto), em virtude de, nela, se manifestar a glória de Deus.
Neste texto Paulo descreve os desvios que existiam naquela igreja e comprometiam a manifestação da glória de Deus. Um dos desvios, residia na desordem entre irmãs: umas usavam cabelo curto e outras não usavam véu. O conflito era entre a igreja e o Senhor e, entre a própria igreja e as opiniões dos crentes.
Neste texto, Paulo explica que existem num culto a manifestação de três glórias, mas só pode prevalecer uma glória:
1 ª – A glória de Deus, que é representada no homem: “O varão, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e a glória de Deus” (v.7);
2ª – Existe a glória do homem: “Mas a mulher é a glória do varão” (v.7);
3ª – E também a glória da mulher: “ter a mulher o cabelo crescido lhe é uma glória” (v.15);
Que fazer então?
O princípio é o mesmo que na autoridade: para que a glória de Deus e só ela seja, manifestada num culto, a única solução é cobrir as glórias humanas.
O varão não se deve cobrir porque é a imagem e a glória de Deus;
Mas, (v.5) no caso da mulher é diferente; ela deve cobrir-se porque é a imagem e a glória do homem;
No entanto, á mulher foi-lhe dado um véu natural – o seu cabelo crescido. Esse cabelo crescido é a glória da mulher e para que não se manifeste num culto é coberto com o véu físico (véu espiritual).
A presença da glória de Deus repudia qualquer outra manifestação de glória, pois está escrito:
“A minha glória não a darei a outrém …”
A mulher, no culto está em oração e em louvor, cantando, por isso o véu espiritual é uma ordem de Deus para esconder a sua própria glória.
“Toda mulher, porém, que ora, ou profetiza, com a cabeça sem véu (descoberta), desonra a sua cabeça, porque é como se a tivesse rapada” (I Co 11:5).
Mas uma vez se considera o texto do verso 15:
“O cabelo foi dado a mulher em lugar de véu.”
Isto tem levado muitos a entender que a mulher que tem o cabelo comprido está dispensada de cobrir a cabeça.
Não….
A palavra usada no verso 15 é “peribolaiou” em contraste com “katalupto” que é usada nos versículos anteriores como véu físico.
Katalupto é um véu, tipo cobertura de pano que cobre a cabeça das mulheres. “Peribolaiou. é conhecida como o véu de glória da própria mulher, que o homem não tem (cabelo crescido).
Não esquecer que cabelo crescido no homem é sinal de desonra para ele. (v. 7)
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MAIS UM ESTUDO SOBRE 1 Coríntios 11:1-16
Em todas as reuniões de todas as igrejas locais, os irmãos devem estar com suas cabeças descobertas, e as irmãs com suas cabeças cobertas. Este é o ensino simples apresentado nas Escrituras (um ensino, é verdade, muito questionado hoje em dia). Deus diz: “O homem, pois, não deve cobrir a cabeça … a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio” (1 Co 11:7, 10). Mesmo reconhecendo que há coisas profundas no trecho que estamos considerando, é muito claro que o ensino básico da passagem é este. Como diz o Dr. N. J. Gourlay: “Podemos parafrasear as instruções assim: é a vontade de Deus que, nas reuniões do Seu povo, os homens tenham a cabeça descoberta e as mulheres tenham uma cobertura sobre suas cabeças, e que os homens tenham cabelo curto e as mulheres cabelo comprido” (Church Symbols for Today, págs. 121-122).
O mandamento central e básico desta passagem é claro e simples. Na Sua sabedoria, porém, Deus não apenas estabelece a ordem — Ele explica as razões. O trecho que serve de base para este estudo apresenta cinco razões para a ordem que Deus deu, as quais quero considerar resumidamente com o leitor. Também tentarei responder a cinco objeções que são apresentadas, até com certa frequência, quando este assunto é apresentado.
Antes disto, porém, algumas coisas precisam ser estabelecidas:
- Obediência pela Ordem Divina: Não devemos obedecer a Deus nesta questão por causa das cinco razões apresentadas, mas simplesmente porque Ele mandou! É bom procurar saber, obviamente, o “por quê” da Sua ordem, mas mesmo que não houvesse nenhuma explicação dada e nenhuma razão apresentada, teríamos a mesma responsabilidade de obedecer (Lc 6:46-49; Jo 14:15; 15:14).
- Responsabilidade dos Irmãos e Irmãs: O ensino de 1 Co 11:1-16 é para irmãos e irmãs. Tão importante quanto as irmãs cobrirem suas cabeças é os irmãos descobrirem as suas. Tão errado quanto uma irmã descobrir sua cabeça é um irmão cobrir a sua. A responsabilidade das irmãs normalmente é mais enfatizada (talvez porque custa menos para um homem descobrir sua cabeça do que para uma mulher cobrir a sua), mas ambos (homem e mulher) têm a mesma responsabilidade nesta questão.
- Contexto da Igreja Local: O ensino em questão é para homens e mulheres salvos, batizados e no contexto da sua igreja local. Dizer que o véu deve ser usado sempre que uma mulher ora, mesmo em particular, seria limitar a liberdade de comunhão com o Pai, que deveria ser constante na vida do cristão. Temos um novo e vivo caminho aberto que nos conduz até ao trono da graça, um caminho do qual podemos nos aproveitar a qualquer hora, em qualquer lugar, e nenhum ritual ou formalismo deve limitar nosso acesso a Deus em oração individual (quando a igreja se reúne, porém, é necessário haver ordem). O ensino deste capítulo foi dado a uma igreja local (veja 1 Co 1:1-2), e deve ser obedecido sempre que a igreja está reunida. No contexto familiar ou particular, porém, não se aplica.
- Forma da Cobertura: Deus nada fala sobre a forma da cobertura. Dependendo da região, usa-se véu (ou mantilha), lenço na cabeça, chapéu, etc. A forma da cobertura é irrelevante; o importante é que, no caso das irmãs, a cabeça esteja coberta. Bom senso, obviamente, é necessário, pois não será qualquer coisa jogada sobre a cabeça que constituirá uma cobertura. Alguns tipos de “cobertura” não merecem este nome, porque realmente não cobrem nada (são pequenos demais, ou invisíveis na cabeça da irmã devido à sua cor, etc). Sem dúvida, é necessário escolher criteriosamente o tamanho, cor e forma da cobertura — porém é errado exigir um determinado tipo de cobertura (véu apenas branco, ou só chapéu, etc.). Temos que insistir no que a Bíblia diz, porém sem ir além do que está escrito.
O Ensino Positivo
Uma vez estabelecidos os pontos acima, podemos olhar para o ensino positivo sobre este assunto. 1 Co 11 é o único trecho no Novo Testamento que fala sobre o véu, mas nem por isso a questão é duvidosa. A seguir, veja cinco razões apresentadas por Deus pelas quais as irmãs, no contexto da igreja, devem usar o véu, e os irmãos devem ter a cabeça descoberta.
1. A Questão da Cabeça (vs. 3-6)
Primeiro, Deus afirma o princípio; depois Ele o aplica. O princípio importante aqui é o de soberania, de liderança (simbolizado pela figura da cabeça). Deus está mostrando que homem e mulher, na igreja, não ocupam a mesma posição. São iguais no que se refere à sua posição em Cristo (os vs. 11-12, além de Gl 3:28, mostram isto claramente), mas não nas suas funções na igreja local (e nem na família, apesar de este não ser o assunto do trecho em questão). Na igreja local, diz o Senhor, o homem é cabeça da mulher.
Esta posição de submissão que a mulher ocupa é unicamente consequência da hierarquia que Deus estabelece na Sua criação, e não tem relação com a capacidade, o valor ou a utilidade do homem ou da mulher. Pois o texto afirma, na mesma frase, que “Deus é cabeça de Cristo”. Deus e Cristo são iguais em poder, em majestade, em glória, em divindade, e em todos os Seus atributos; os dois são um. Nos propósitos divinos, porém, era necessário que Cristo se submetesse à liderança do Pai, o que Ele voluntariamente fez. Isto não é apenas algo decorrente da encarnação do Filho de Deus, mas faz parte dos relacionamentos eternos deste nosso Deus Triuno.
O texto está enfatizando que a mulher deve imitar o exemplo do Senhor Jesus Cristo; assim como Ele submete-Se voluntariamente ao Pai, ela deve submeter-se voluntariamente ao homem na igreja local. Assim como o Filho não se torna inferior ao Pai por obedecê-Lo, assim as irmãs não tornam-se inferiores aos irmãos, nem merecem menos respeito, por obedecê-los. É importante que todo irmão entenda que é cabeça da mulher porque Deus quer, não porque os homens são melhores ou superiores. É igualmente importante que toda irmã entenda que deve ser submissa aos irmãos na igreja porque Deus quer, não porque as mulheres são inferiores.
Tendo afirmado o princípio no v. 3, Deus nos fornece sua aplicação nos vs. 4-6. O princípio é claro: Cristo é cabeça do homem, e o homem é cabeça da mulher. Mas qual a relação deste princípio com a prática de cobrir ou descobrir a cabeça? O texto explica a figura que Deus estabeleceu.
Quando um homem cobre sua cabeça nas reuniões da igreja, diz o v. 4, ele desonra a sua cabeça (que é Cristo). Por quê? Porque ao cobrir sua cabeça física ele está (figurativamente, é claro) cobrindo e escondendo sua cabeça espiritual (que é Cristo). Ele está, em figura, dizendo que Cristo não tem autoridade ali, que Sua posição como Cabeça não está sendo reconhecida. Por outro lado, o ato físico de descobrir a cabeça (tirando um chapéu, por exemplo) não tem nenhum poder místico, mas é uma maneira de dizer, em figura, que o verdadeiro cabeça do homem, Cristo, não está encoberto ou escondido naquela reunião.
O mesmo ocorre em relação às irmãs, como mostram os vs. 5 e 6. Se suas cabeças estiverem descobertas nas reuniões da igreja, o símbolo que transmitem é que suas cabeças espirituais também estão descobertas, dizendo assim que o homem (que é o cabeça da mulher) está ocupando a posição de autoridade (posição de “cabeça”) naquela reunião. Ao cobrir sua cabeça, porém, estão dizendo, em figura, que sua cabeça espiritual (que é o homem) está encoberto e escondido.
Unindo os dois símbolos (a cabeça descoberta dos irmãos e a cabeça coberta das irmãs), veja que mensagem preciosa é transmitida. A igreja local está reunida — mas quem está em autoridade? Quem é o Cabeça naquela reunião? A cabeça coberta das irmãs indica que o homem, cabeça espiritual da mulher, não está governando ali; e a cabeça descoberta dos irmãos indica que Cristo, Cabeça espiritual do homem, é quem está governando. Percebam, irmãos, a importância do símbolo! Se um irmão cobrir sua cabeça durante a reunião, ou se uma irmã descobrir a sua, a autoridade e liderança de Cristo estarão sendo, em símbolo, desprezados!
Uma ressalva, porém, antes de passarmos adiante: a obediência externa ao símbolo não garante que há obediência no coração (mas isto em nada tira a importância do símbolo). Voltaremos a esta questão ao considerar o segundo argumento apresentado.
a.2. A questão da glória (vs. 7-9)
A segunda razão apresentada é igualmente importante. O princípio estabelecido é que o homem (varão) é a glória de Deus, e a mulher é a glória do homem (v. 7). Assim como o Senhor Jesus fez quando ensinou-nos que o divórcio é pecado (Mt 19:4-6), o Espírito Santo nos leva de volta à Criação do mundo para ilustrar Seu ensino. Deus, na Criação, fez o homem (varão) à Sua imagem e semelhança, como a coroa da Criação (Sl 8:5-8). A mulher, porém, dizem os vs. 8-9, foi criada do homem (Gn 2:21-22) e por causa do homem (Gn 2:18). Isto é, Deus criou a mulher por causa do homem, mas criou o homem para Ele. [veja Nota 2]
Novamente, devido aos extremos ensinados por alguns, é necessário enfatizar que isto não implica em desigualdade de valor perante Deus (os vs. 11-12 deixam isto bem claro). A desigualdade aqui é de função, não de valor.
Tendo estabelecido o princípio, temos que aprender a aplicação também. O homem não pode cobrir sua cabeça nas reuniões porque ele é a glória de Deus. Sua cabeça descoberta diz, em figura, que Deus está sendo glorificado, pois a glória de Deus (o homem) não está escondida naquela reunião. Da mesma forma, a irmã deve cobrir sua cabeça porque ela é a glória do homem. Sua cabeça coberta diz, em figura, que o homem não é glorificado naquela reunião, pois a glória do homem (a mulher) está escondida.
A mensagem que uma igreja transmite, portanto, quando obedece o ensino deste trecho, é dupla. Quando os irmãos descobrem suas cabeças e as irmãs cobrem as suas, a igreja está dizendo: “Nesta igreja, o Cabeça é Cristo; submetemo-nos à autoridade d’Ele. Além disto, buscamos somente a glória do nosso Deus. Obedecê-Lo é nosso prazer, glorificá-Lo é nosso alvo!”
Diante da importância solene desta figura que Deus estabeleceu, como deveríamos ter cuidado nesta questão. Um varão salvo jamais deve cobrir sua cabeça numa reunião duma igreja; uma mulher salva jamais deve descobrir sua cabeça numa reunião duma igreja (nem mesmo por alguns segundos, para arrumar seu cabelo).
Cabe aqui, obviamente, a mesma ressalva feita anteriormente: a obediência externa ao símbolo não garante que há obediência no coração, mas isto em nada tira a importância do símbolo. O ato de uma irmã cobrir sua cabeça ou de um irmão descobrir a sua não deve ser nossa única preocupação; também é necessário, no coração, concordar com aquilo que o símbolo apresenta. Infelizmente, é possível obedecer ao símbolo mas não aceitar a soberania de Cristo e nem buscar a glória de Deus (é hipocrisia triste, mas é possível). Esta triste possibilidade, porém, não quer dizer que podemos tratar esta questão como algo opcional ou pessoal. É responsabilidade da igreja, através de seus anciãos, exortar seus membros neste sentido, mostrando-lhes que a irmã que não cobre a cabeça nas reuniões está desobedecendo a Deus, e o irmão que cobre sua cabeça igualmente desobedece. É necessário insistir que haja a obediência externa, porém insistir também que ela venha acompanhada da submissão e devoção internas.
a.3. Por causa dos anjos (v. 10)
O Espírito Santo apresenta, além destes dois argumentos profundos e solenes, mais três argumentos bem práticos, o primeiro dos quais aparece numa frase interessante: “Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos”. O que quer dizer isto?
O “sinal de poderio” (ou “sinal de autoridade” na ARA) é claramente o véu que a mulher deve ter na cabeça, um sinal que indica sua submissão à autoridade delegada por Deus, o homem. Qual é, porém, o interesse dos anjos nesta questão? Convém lembrar de três fatos:
- Os anjos também se cobrem na presença de Deus (pelo menos os serafins — veja Is 6:2).
- Os anjos que hoje estão com Deus são aqueles que não seguiram Satanás na sua revolta, mas que submeteram-se à soberania de Deus.
- Além disto, eles já presenciaram a insubmissão de Eva no Jardim do Éden (na qual Adão a seguiu).
Diante disto, sugiro que os anjos entendem e apreciam este “sinal de poderio”, vendo que as irmãs voluntariamente se submetem à hierarquia estabelecida por Deus e demonstram isto pelo uso do véu. Eles, que já viram insubordinação no Céu e na Terra, mas que submetem-se voluntariamente a Deus, aprendem que mesmo no meio da insubmissão que reina no mundo há pessoas que têm o mesmo desejo que eles têm de honrar seu Criador.
a.4. Por causa da natureza (vs. 13-15)
O segundo dos três argumentos práticos é baseado na natureza. Se a própria natureza ensina que há uma distinção entre os sexos, é mais um motivo para mantermos esta distinção também na igreja. Mas o que quer dizer “natureza” neste contexto? Convém citar os comentários de M. Poole:
“Por natureza alguns entendem a lei da natureza, como se houvesse algum mal intrínseco nisto [o comprimento do cabelo], o que obviamente não é verdade; pois se fosse, os nazireus não poderiam usar cabelo comprido (como faziam). Outros entendem por natureza a lei das nações, mas isto também não é verdadeiro, pois em muitas nações os homens usam seu cabelo bem comprido. Outros entendem que é um senso-comum, a capacidade de percepção da razão natural que, desde a Queda, permanece no homem; mas tal percepção seria igual em todos os homens, e sabemos que nem todos consideram isto vergonhoso. Outros, portanto, por natureza entendem um costume comum… mas não pode ser, pois não há, e nunca houve, tal costume universal a ponto de nenhum homem usar cabelo comprido. Outros por natureza entendem a inclinação natural; mas isto também não pode ser, pois alguns homens têm uma inclinação e propensão natural para usar seu cabelo excessivamente longo. Outros por natureza entendem a diferença entre os sexos, como a palavra é usada em Rm 1:16; isto é, a diferença entre os sexos nos ensina assim, e este parece ser o sentido mais provável do texto” (edição de 1700 de Annotations upon the Holy Bible, Matthew Poole).
É possível confirmar a exatidão da conclusão de Poole ao analisar a definição da palavra grega traduzida “natureza”. O léxico de Thayer dá as seguintes definições: “1. natureza (1.1 a natureza das coisas, a força, leis e ordem da natureza; 1.2. contrastado com o que é mostruoso, anormal, perverso; 1.3. contrastado com o que foi produzido pela arte humana); 2. nascimento, origem física; 3. uma forma de sentir e agir que, pelo costume, tornou-se natural; 4. a soma das propriedades e poderes inatos pelos quais uma pessoa difere das demais, peculiaridades naturais, características naturais.”
Seguindo o raciocínio de Poole, e por eliminação, percebemos que a única definição da palavra que encaixa no contexto deste capítulo é a última. Há uma diferença natural entre homem e mulher decorrente da Criação, uma característica inata, uma diferença estabelecida por Deus. E assim como Deus deu à mulher um véu natural [veja Nota 3], o que não acontece com o homem, assim também na igreja a mulher deve proceder de forma diferente do homem, cobrindo sua cabeça, pois não é decente que a mulher ore a Deus descoberta (v. 13).
a.5. Por causa do costume das igrejas (v. 16)
Para finalizar, um argumento simples e convincente: se alguém, depois de toda a argumentação dos versículos anteriores, ainda quisesse ser contencioso, Paulo afirma que as igrejas de Deus, e os apóstolos, não tinham o costume de contender com a Palavra de Deus. O costume nas igrejas na era apostólica era que as irmãs cobriam suas cabeças e os irmãos descobriam as suas, um costume ensinado pelos apóstolos e que devemos imitar ainda hoje.
Nunca foi o propósito de Deus que houvesse tantas diferenças entre Suas igrejas. Esta primeira epístola aos Coríntios confirma isto, pois fala de um mesmo “ensino em cada igreja” (4:17), mesmas ordens quanto ao casamento “em todas as igrejas” (7:17), um mesmo costume “nas igrejas de Deus” (11:16), a mesma apreciação de Deus “em todas as igrejas dos santos” (14:33), um mesmo ensino quanto à coleta dado nas igrejas da Galácia e em Corinto (16:1). Há um padrão claramente apresentado no Novo Testamento, e é nossa responsabilidade descobri-lo e segui-lo. O ensino quanto ao véu faz parte deste padrão.
a.6. Resumindo…
Antes de olhar para algumas objeções que são apresentadas ao ensino acima, convém resumir o que já vimos. Usando cinco argumentos diferentes (dois profundos, figurativos de verdades espirituais, e três mais simples e práticos) aprendemos que o uso do véu é parte integrante do padrão de igreja revelado no Novo Testamento. Quando uma igreja local está reunida você, irmã, deve cobrir sua cabeça porque o homem é seu cabeça, porque você é a glória do homem, porque os anjos a observam, porque o seu cabelo comprido é um véu natural dado por Deus, e porque isto faz parte do modelo de igreja estabelecido por Deus. E você, irmão, não pode cobrir sua cabeça porque Cristo é seu cabeça, porque você é a glória de Deus, porque os anjos o observam, por causa da diferença natural entre homem e mulher, e porque isto faz parte do modelo de igreja estabelecido por Deus.
Que sejamos prontos a obedecer nesta questão tão importante!
b. Os argumentos contrários
Existem muitos argumentos contrários àquilo que foi apresentado acima. É necessário, portanto, tomar o tempo para analisar estes argumentos (pelo menos aqueles que são mais usados) à luz da Palavra de Deus.
b.1. O argumento humano
Muitos afirmam que 1 Coríntios 11:1-16 (e outros trechos que ofendem a ideologia moderna) são palavras humanas, de um judeu machista e preconceituoso. Insistem que, devido à formação judaica de Paulo, ele desprezava as mulheres, e isso se manifestou no seu ensino.
Há dois problemas sérios com este argumento. Primeiro, o restante do Novo Testamento contradiz este suposto preconceito de Paulo. Em Romanos 16, por exemplo, ele recomenda e elogia diversas irmãs. Em Filipenses 4:2-3, ele lembra do serviço importante de Evódia e Síntique. Escrevendo a Timóteo, Paulo destaca que a mãe e a avó deste foram usadas por Deus na salvação do jovem Timóteo (2 Timóteo 1:5; 3:14-15). Lendo todo o Novo Testamento com uma mente aberta, veremos que Paulo não foi, de forma alguma, um machista preconceituoso.
Independentemente disso, porém, a questão principal é que 1 Coríntios 11, e todo o restante da Bíblia, é a Palavra “inspirada por Deus” (2 Timóteo 3:16), e que nenhuma parte dela “foi produzida pela vontade de homem algum [nem de Paulo, nem de João, nem de homem algum], mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21). Atribuir algum ensino das cartas de Paulo (qualquer um) à sabedoria do próprio Paulo é negar a doutrina da inspiração da Bíblia. Não foi Paulo quem inventou o ensino sobre o véu; foi algo ensinado pelo Espírito Santo através de Paulo. Quem desobedece a este assunto desobedece a Deus, não a Paulo.
b.2. O argumento cultural
Outro argumento usado com frequência é que este ensino era somente para o povo de Corinto daqueles dias; era algo temporário, cultural, e não se aplica nos dias e na cultura em que nós vivemos.
O problema com este argumento, porém, é que em 1 Coríntios 11:1-16 não há uma única menção de aspectos culturais [veja Nota 4]. A doutrina da cobertura não é baseada em argumentos culturais, mas sim em dois princípios espirituais importantíssimos (quem é nosso Cabeça, e a quem queremos glorificar), na observação por parte dos anjos, na diferença natural entre homem e mulher, e no padrão de conduta observado pelas igrejas. Os dois princípios espirituais mencionados continuam tão válidos hoje quanto na Corinto do século I; não temos a menor indicação de que os anjos mudaram seus hábitos desde aqueles dias; a diferença natural é baseada na Criação, não em Corinto; e as igrejas de Deus não têm nenhuma autorização para mudar nenhum detalhe do padrão apresentado no Novo Testamento.
Ou seja: o argumento cultural não é válido; o ensino quanto à cobertura na cabeça, porém, é válido e atual, mesmo neste século XXI.
b.3. O argumento textual
Alguns apelam para as aparentes contradições entre o texto de 1 Coríntios 11:1-16 e 1 Coríntios 14:34-35 como uma justificativa para descartar o ensino que estamos considerando. Isto porque 1 Coríntios 11 parece concordar com um ministério público e audível para as mulheres (v. 5), enquanto que 1 Coríntios 14 claramente proíbe tal ministério.
Se cremos na inspiração da Bíblia, porém, sabemos que ela não pode conter contradições (a Palavra de um Deus onisciente não pode se contradizer). Ao invés de descartarmos um dos dois trechos, devemos procurar harmonizá-los. Se, com esta intenção, olharmos a epístola como um todo, as aparentes contradições desaparecem. Paulo trata, inspirado pelo Espírito Santo, de dois problemas distintos (porém relacionados): o fato de algumas mulheres na igreja em Corinto não cobrirem suas cabeças nas reuniões, e o fato de algumas delas participarem audivelmente destas reuniões. O capítulo 11 apresenta a correção para o primeiro problema, mostrando que é indecente a mulher estar na reunião com a cabeça descoberta. O capítulo 14 trata do segundo problema, afirmando que é indecente que as mulheres falem na igreja.
Como diz D. Gilliland, “tomar o capítulo 11 como palavra final e depois procurar interpretar o capítulo 14 à luz do capítulo 11 certamente inverte a sequência normal. É muito mais lógico seguir a sequência natural da carta, e aceitar o capítulo 14 como a palavra final no assunto nesta epístola, permitindo que o capítulo 14 governe o nosso entendimento do capítulo 11, e não vice-versa” (O Ministério das Irmãs, SHALOM Publicações).
b.4. O argumento natural
Outra fonte de dúvida (ou controvérsia) são as palavras do v. 15: “porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu”. A conclusão de alguns é que se o cabelo foi dado em lugar de véu, então as irmãs não precisam de um véu artificial, pois já têm um véu natural.
Repare, porém, três coisas:
- A palavra traduzida “véu” no v. 15 é bem diferente da usada no restante do capítulo. O capítulo usa várias vezes a palavra katakalupto, que significa “cobrir, usar um véu”, enquanto que o v. 15 usa a palavra peribolaion, que significa “um manto, algo jogado em torno de” (Thayer). O véu do v. 15, portanto, não é a cobertura dos vs. 5, 6, etc.
- Teremos um sério problema na lógica deste capítulo se concordarmos com o argumento natural. Se o véu é o cabelo, então como entender (por exemplo) o v. 6: “…se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também”? Se o véu é o cabelo, então para não cobrir-se com véu a mulher teria que tosquiar-se, rapar sua cabeça; mas então, porque dizer “tosquie-se também”? É como se Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, dissesse: “…se a mulher se tosquia, tosquie-se também”, o que seria uma bobagem incoerente.
- Este argumento natural trará, também, um problema para os irmãos. Se o véu é o cabelo, então as irmãs não precisam de nenhuma outra cobertura; mas os irmãos, que devem ter a cabeça descoberta nas reuniões, teriam então que rapar suas cabeças!
Realmente é um absurdo sugerir que Paulo, com toda sua capacidade, usaria um argumento ilógico destes. Pior do que isso, é blasfêmia crer que o Espírito Santo, Deus onisciente, poderia escrever desta forma. O argumento natural é impossível de ser aceito.
b.5. O argumento contraditório
Por fim, devo mencionar um argumento que é mais que absurdo, por ser tão contraditório. O texto que estamos considerando termina dizendo: “Mas, se alguém quer ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus”. Alguns querem sugerir que Paulo está dizendo: “nós não temos tal costume de usar véu, nem as igrejas de Deus”.
Prezado leitor, basta uma rápida olhada no trecho todo para perceber o absurdo desta sugestão. Ou alguém sinceramente pensa que Paulo se esforçaria tanto para mostrar que as igrejas devem ter o costume do véu (gastando mais de uma dúzia de versículos para isto, usando cinco argumentos diferentes, dois dos quais baseados em princípios fundamentais), tudo isso para depois terminar de forma tão contraditória, admitindo que nem ele, o apóstolo, nem as igrejas daquela época, tinham tal costume? Ou algum filho de Deus ousaria sugerir que o Espírito Santo apresentaria um ensino de forma tão convincente para depois sugerir que tal ensino não precisa ser praticado?
Não; com certeza não. A única forma coerente de entender este versículo é como foi sugerido no item a.5.
Conclusão
Depois de olhar para o ensino positivo deste trecho e considerar, resumidamente, algumas objeções que costumam ser apresentadas, repito que não há nenhuma dúvida quanto à vontade de Deus sobre este assunto. Através de cinco argumentos diferentes o Espírito Santo ensina-nos que o uso do véu é parte integrante do padrão de igreja revelado no Novo Testamento. Quando uma igreja local está reunida você, irmã, precisa cobrir sua cabeça (física) porque o homem é seu cabeça (espiritual), porque você é a glória do homem, por causa dos anjos, porque o seu cabelo comprido é um véu natural dado por Deus, e porque isso faz parte do modelo de igreja estabelecido por Deus. E você, irmão, não pode cobrir sua cabeça (física) porque Cristo é seu cabeça (espiritual), porque você é a glória de Deus, por causa dos anjos, por causa da diferença natural entre homem e mulher, e porque isso faz parte do modelo de igreja estabelecido por Deus.
Cada igreja local deve zelar para que seus membros sejam obedientes neste assunto, insistindo não só na observância externa do símbolo, mas também nas correspondentes verdades espirituais. Quando uma igreja local entende e obedece a Deus neste ponto, ela testemunha da sua submissão à autoridade de Cristo e do seu desejo de honrar somente a Deus;ela instrui os anjos, respeita as diferenças naturais e anda dentro do modelo bíblico. Desobedecer simboliza insubmissão a Cristo como Cabeça e desejo de glorificar o homem; é um exemplo negativo para os anjos, mostra ignorância das diferenças naturais entre os sexos e é um desvio do modelo de igreja local apresentado por Deus.
Irmãos, o assunto é solene e profundo! Não tenho dúvida que muitas igrejas desobedecem neste ponto por ignorância e não por rebeldia. Minha oração, porém, é que cada um que examinar estes versículos que estudamos juntos esteja pronto e disposto a obedecer nesta questão tão importante.
W. J. Watterson
