O valor das coisas que nos prende
Quais são as nossas prioridades?
Estamos a viver, nestes dias, o cumprimento das profecias concernentes aos “últimos dias”. O Espírito Santo concedeu a Daniel escrever que “muitos correrão de uma parte para outra e a ciência se multiplicará” (Daniel 12:4). Hoje, constatamos a azáfama que ocorre na vida de quase todos: não há tempo suficiente para fazer tudo – o tempo para conviver é pouco, o tempo para ouvir é diminuto, o tempo para falar é reduzido, o tempo para lazer quase não existe, o tempo para a família é escasso, o tempo para Deus é escassíssimo… Existe, sim, algum tempo para o trabalho, negócios ou escola, para ver televisão, para descansar… A corrida à volta das coisas tem-se tornado uma loucura na vida da maioria dos terrestres.
No outro polo, temos assistido à multiplicação da ciência e da tecnologia. Enquanto os primeiros 58 séculos de vida humana tiveram como descoberta mais importante a roda, nos últimos 2 séculos o homem deu um salto exponencial nas suas experiências. Recordo a propulsão a vapor, energia elétrica, transportes cada vez mais rápidos, exploração espacial com resultados surpreendentes, meios de comunicação e telecomunicação sem paralelo (rádio, telefone, telégrafo, televisão, fax, computador, telemóvel, satélite artificial, Internet), assim como extraordinários avanços nos meios de controlo da identidade pessoal e coletiva (radar, código de barras, Visa, cartões inteligentes, microchip), e não convém esquecer as armas convencionais de defesa e ataque, bomba atómica e nuclear, armas químicas e bacteriológicas… etc.
Jesus, quando esteve em Israel, profetizou: “Muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos. Ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terramotos, em vários lugares.” (Mateus 24:4-7).
Sem dúvida, encontramos nos nossos dias todas estas ocorrências:
- Pessoas publicitam-se como o Messias e enganam muitos. Alguns deles isolam-se, outros são geradores de novas seitas que proliferam por todo o lado.
- De guerras se ouve dizer – “o mundo está farto”, pois, em verdade, desde que Cristo subiu ao Céu não há sossego. Nos últimos anos, Tchetchénia, Angola, Timor, Afeganistão e Iraque foram campos de milhares de mortes, sem esquecer os 8 milhões de mortos na Primeira Grande Guerra e os 50 milhões na Segunda. O recrudescimento dos crimes urbanos e o terrorismo religioso e político complementam as tragédias.
- A fome mata todos os dias no mundo, e a peste tem crescido em todos os lugares (cancro, cólera, AIDS, pneumonia atípica, febres mortíferas…).
- E os terramotos não são poucos. Em 28/7/1976, 500 mil mortos na China; em 7/12/1988, 25 mil mortos na Arménia; em 21/6/1990, 40 mil mortos no Irão; e em 1993, 30 mil mortos na Índia, para além de muitos de pequena dimensão.
Também o mesmo Espírito revelou a Paulo, quando escreveu a Timóteo que: “Nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e a mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus” (2 Timóteo 3:1-2) e “Nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demónios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência.” (1 Timóteo 4:1-2).
No tempo que chamamos de “hoje”, confirmamos a existência real de “espíritos enganadores” e “as doutrinas de demónios”. A nossa época de existência, denominada de “moderna”, tem vivido a degradação moral dos princípios divinos. Vejamos algumas doutrinas de demónios, a que o homem tem aderido facilmente ao ponto de questionar a validade do ensino do Criador:
- O valor moral, espiritual e físico da família. Deus instituiu a família com vários objetivos, entre os quais a reprodução, a comunhão afetiva e sexual, o amparo e a cooperação entre os seus membros. No entanto, o homem tem conspurcado esse valor, com o adultério e os casamentos mistos (estes já oficializados em alguns países), com o divórcio e as uniões de facto.
- O valor da identidade pessoal. Deus criou o homem macho e fêmea (Gênesis 1:27) e com funções próprias e definidas, mas o homem tem procurado alterar a seu bel-prazer esse princípio criador. A mudança de sexo, permitida pela sociedade, e a aceitação do homossexualismo nas várias vertentes são algumas falsificações da vontade Divina.
- O valor da vida. O aborto (assassínio preparado) tem sido descriminalizado e regulamentado em muitos países. O homicídio nos campos de guerra é outro fator de menosprezo pela vida dos outros. Alguns dirigentes não têm pejo em mandar matar aqueles que consideram seus inimigos, colocando em controvérsia o sentimento que o homem nutre pelo seu semelhante.
- O valor do pecado. O que é pecado? Eis a pergunta que muitos fazem e cujas respostas são deveras diferentes. “O príncipe deste mundo” tem atrofiado as mentes dos que andam em trevas, levando-os a crer que pecado é o que a consciência de cada um acredita e não o que outros dizem. As Escrituras são bem explícitas ao referirem que toda a desobediência e rebelião a Deus é pecado. No entanto, o homem procura desviar Deus dos seus pensamentos e exercitar a sua vontade e as suas incongruências, não se importando com a eternidade, conceito este que minimiza por duvidar da sua existência.
- O valor da Doutrina de Deus. A Bíblia é o livro cujas palavras, escritas por homens, foram inspiradas pelo Espírito Santo para que todos saibam a vontade do Criador em relação à criatura criada à Sua imagem e semelhança. A Bíblia é a Palavra de Deus e é única porque o seu autor é Deus. A sua mensagem principal é a salvação do homem (reconciliação com Deus), por intermédio da figura central do Livro, o Senhor Jesus Cristo. Porém, o homem tem ouvido “os espíritos enganadores”, tendo colocado em paralelo com a Bíblia outros livros ditos “sagrados” para confundir o espírito daquele que procura a razão do existir. Esses mesmos espíritos têm influenciado homens a alterar a mensagem de Cristo com novas doutrinas e filosofias, as quais têm angariado adeptos de um modo avassalador. O ocultismo tem predominado na publicitação da doutrina dos demónios, e os homens acreditam mais no humanismo do que no cristianismo e na sua mensagem redentora.
Perante o quadro social e moral que vivemos, com o cumprimento das profecias para o nosso tempo, a nós, verdadeiros Filhos de Deus, incumbe-nos duas tarefas extremamente importantes: a de resgatar almas que estão no caminho para a perdição e a de “consolidar” a fé daqueles que pertencem à Família de Deus.
1 – Edificar o Corpo de Cristo
A Igreja local foi estabelecida com o propósito dos crentes crescerem na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo (2 Pedro 3:18). É vontade de Deus que os seus filhos sintam a liderança de Cristo na sua vida. Ele enviou o Espírito Santo para nos guiar em toda a Verdade e nos orientar no caminho a percorrer.
Os presbíteros das igrejas e todos os crentes com o dom de pastor, mestre e doutor, entre outros dons, são responsáveis pelo estado espiritual dessas mesmas igrejas locais. O Senhor não se agrada daquele que se demite das suas responsabilidades. E muitos têm esquecido que Deus os salvou!
A Igreja local é um projeto de Deus para fazer o Seu nome conhecido no mundo, mas é também um local onde os salvos promovem a comunhão fraternal, o aprofundamento da sua relação com Deus e cultivam o louvor e a adoração a Deus.
A reunião dos crentes para estudo da Palavra de Deus, para pregação do evangelho e para oração aumenta e fortifica a fé, desenvolve e enriquece as convicções doutrinárias e promove a vontade de maior fidelidade a Deus.
O que acontece ao crente quando se esquece que a igreja está reunida para estudar a Palavra de Deus e para orar?
- Está a permitir que o seu relacionamento e comunhão com Deus estagne ou diminua.
- Está a prejudicar a comunhão fraternal, uma vez que os outros sentem a sua falta.
- Está a ouvir a voz daquele que deseja diminuir a influência de Cristo na sua vida.
- Está a ser um empecilho para os mais novos, que necessitam de bons exemplos para os exercerem e mais tarde os ensinarem.
- Está a desviar-se do ensino bíblico (Hebreus 10:24-25; Salmo 27:4; Salmo 122:1).
Um crente frágil, débil e instável não prospera, não goza as bênçãos do Senhor e pode contaminar o Rebanho de Deus. Por isso, convém que o tal seja medicado com a exortação da Palavra, para que a igreja esteja unida na sã doutrina e o inimigo não se glorie pelos “estragos” obtidos.
2 – Resgatar almas a Satanás
Todo o crente tem o dever de amar o seu próximo como a si mesmo, sejam amigos ou inimigos. Este mandamento pressupõe o dever de anunciar a Pessoa de Jesus Cristo como o Salvador que todos necessitam para se libertarem das garras do inimigo de Deus e da condenação eterna:
- É importante lembrar aos não crentes que Jesus não veio para ser martirizado ou fazer milagres, só; mas para cumprir o plano de Deus para a salvação de todo o homem, através do sacrifício realizado no Calvário, de expiação dos nossos pecados.
- É importante falar da necessidade que todos têm em se tornarem Filhos de Deus por um meio muito simples e sem quaisquer custos ou encargos: “recebendo Jesus” (João 1:12).
- É importante salientar o facto de que aquele que não tem o seu nome escrito no Livro da Vida não gozará da herança eterna de Deus com Ele.
Esta tarefa pertence aos crentes que têm o dom de evangelismo, mas não só. Todos somos convocados para falar aos outros da nossa experiência com Cristo. Quando um crente não sente compaixão pelos que estão a caminhar para o inferno, está sendo ingrato para com o Senhor que o salvou, egoísta e inoperante.
É um crente irresponsável quando sabe que a vontade do Senhor é que todos venham a arrepender-se (2 Pedro 3:9). Mais grave, apesar de não haver este sentimento na maioria dos crentes, é que Satanás está a aumentar o seu exército de gemidos e sofredores no lugar para onde também vai.
Deus nos fez para Sua glória (Isaías 43:7). Ele quer que, responsavelmente, cumpramos com as nossas tarefas.
Por Samuel Pereira